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O tema dos sinais balanceados é algo que parece continuar a fazer confusão a muita gente. Eis então porque é que nalgumas situações é importante usar sinais balanceados, e noutras provavelmente desnecessário.

Sempre que um sinal áudio (S) passa num cabo, há ruído (R) induzido por interferências electromagnéticas diversas. Por isso, o sinal que chega ao aparelho receptor será um somatório S + R (Sinal + Ruído).

A ideia engenhosa dum sinal balanceado é a seguinte:

1. Duplique-se o sinal S no aparelho emissor e inverta-se a fase dum deles, criando assim um sinal de fase invertida a que vamos chamar – S
2. Passe-se os dois sinais (S e -S) em dois condutores diferentes no mesmo cabo (também chamada “transmissão em modo diferencial”)
3. Na parte receptora, coloque-se um componente (amplificador diferencial) que subtraia os sinais um do outro.

Como o ruído induzido (R) será idêntico nos dois condutores (dado que estão muito próximos um do outro), o resultado será o seguinte:

– condutor 1 = (S + R)
– condutor 2 = (-S + R)

E o que amplificador diferencial do aparelho receptor vai fazer é subtrair os dois sinais:

(S + R) – (-S + R) = S + R + S – R = 2S

Portanto, um sinal balanceado, para todos os efeitos, tem duas vezes a amplitude dum sinal normal (2S). Em termos eléctricos, diz-se que está “3 dB mais alto” que um sinal não balanceado. E por isso um cabo com sinal balanceado pode percorrer grandes distâncias, dado que consegue rejeitar melhor ruídos induzidos, uma vez que grande parte do ruído é cancelado no aparelho receptor.

Em estúdios caseiros, desde que montados com cabos de qualidade, devidamente separados de cabos eléctricos, não há normalmente grandes diferenças entre a utilização de sinais balanceados ou não balanceados. Mas se os equipamentos possuem tomadas desse tipo, porque não usá-las?

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Comentários
  1. Esta questão dos cabos balanceados sempre me intrigou. Técnicamente é perfeitamente compreensível a sua vantagem, mas na realidade nunca consegui perceber a diferença, até porque em gravação, raramente uso cabos com mais de três, quatro metros. No entanto, sempre que possível cedi ao “fanatismo” destes cabos, o que se revelava apenas mais dispendioso.
    Quanto à questão do ruído, dou por mim ocasionalmente a incluí-lo na gravação, em vez de o eliminar definitivamente. às vezes acho que adiciona qualquer coisa de especial(sem exageros, bem entendido). Um destes dias ouvia o “The eraser” do Thom Yorke em que a dada altura o ruído extra de uma caixa de ritmos vintage se dá ao luxo de andar da esquerda para a direita. Muitos de nós tiravamos-lhe logo o pio, quanto mais pô-lo a dançar de um lado para o outro com um “panning” sofisticado.

    Vítor Teodósio | 6 de July de 2009

  2. Acho que se nota mais a diferença entre sinais balanceados ou não quando se passam 15 ou 20 metros de cabo dumas salas para outras. Aí é que as diferenças são mais evidentes.
    No entanto, estava a falar de ruído induzido por interferências, ruídos de linha, etc. Essa história do Thom Yorke (bom disco, já agora!) é diferente. Aí trata-se da utilização criativa dum tipo de ruído que provavelmente não ocorreu na transmissão do sinal, mas que já é característico do aparelho, dada a sua antiguidade. Essa história da utilização criativa de ruído dava pano para mangas…

    André Toscano | 7 de July de 2009

  3. Muita da electrónica hoje produzida tem circuitos internos não balanceados, sendo o sinal electronicamente balanceado apenas à saída dos circuitos.
    Esta solução requer mais um andar amplificador no percurso do sinal, que poderá ser um duvidoso integrado em equipamentos mais baratos.
    Nestes equipamentos, as saídas não balanceadas, quando existentes, poderão soar marginalmente melhor.
    Situação análoga se passa nos andares de entrada.

    Tiago Abreu | 18 de December de 2009

  4. QUAL A DISTÂNCIA MÁXIMA PARA SINAL EM CABO BALANCEADO?

    EXISTE UMA TABELA DE ATENUAÇÃO OU FÓRMULA PARA CÁLCULO?

    OBRIGADO,
    PAULO.

    PAULO | 6 de February de 2013

  5. É fácil notar a diferença de um sistema balanceado de um sistema não-balanceado: basta aproximar um cabo energizado (AC) próximo dos cabos de áudio, principalmente se eles estiverem transportando sinais pequenos (entre -20 dbu e -56 dbu). Sistemas não-balanceados não eliminam o ruído induzido pela corrente que passa nos condutores energizados, denominado “Hum”. O resultado é um “ronco”, bastante incômodo, adicionado na reprodução do sinal de áudio.

    Alvaro | 27 de December de 2016

  6. Explicação objectiva e bastante elucidativa!

    João Paulo Miranda | 19 de January de 2019

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